sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Mais sobre a ferrovia

LLX negocia acesso ferroviário para atender porto de Açu

Publicado: quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Logística: Saída é utilizar trecho que pertence a FCA e que atualmente é subutilizado pela controlada da Vale


Por Francisco Góes Do Rio



As concessionárias Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e MRS e a LLX Logística, do grupo EBX, negociam com o governo uma solução para implantar, no litoral norte do Rio, linha férrea com 345 quilômetros de extensão e investimentos estimados em R$ 1,2 bilhão. Na região existe trecho da malha da FCA que está abandonado. Com o projeto, esse trecho poderá ser recuperado para fazer o transporte de cargas de diversas empresas. Uma das maiores interessadas na nova linha férrea é a LLX, que desenvolve em São João da Barra, no norte fluminense, o porto do Açu.
A implantação de uma ferrovia no norte fluminense é estratégica para a LLX desenvolver o porto, que tem o minério de ferro como principal carga. O presidente da LLX, Otávio Lazcano, confia que a ferrovia estará concluída no fim de 2012, início de 2013. Segundo ele, LLX e outras empresas vão garantir demanda de transporte na ferrovia. Ele disse que a partir de 2014 o porto Açu terá capacidade de receber 340 milhões de toneladas de carga por ano. Parte desse volume será transportado por ferrovia. Há estimativas de que, em uma primeira fase, a ferrovia do norte fluminense poderia ter contratos firmes de carga de 15 milhões de toneladas por ano.


Como concessionária na região, a FCA - que pertence à Vale - tem proposta para transformar um trecho de bitola métrica (estreita) com cerca de 230 quilômetros entre Itaboraí e Campos dos Goytacazes, no Rio, em bitola larga para permitir a conexão com a MRS, desde Minas Gerais. Seria implantado um terceiro trilho até Campos, onde vai sair um ramal de 45 quilômetros até o Açu. A ligação da MRS com a FCA também vai exigir a reconstrução de um trecho de 20 quilômetros entre Ambaí e São Bento, na grande Rio, na área de concessão da FCA. E intervenções entre São Bento e Visconde de Itaboraí, também no Rio, trecho de 50 quilômetros pertencente ao governo federal e ao Estado do Rio, onde há operações de trens de passageiros.



As negociações também passam pela estatal Valec, Engenharia, Construções e Ferrovias, concessionária da Estrada de Ferro 354. A EF 354, chamada de Transcontinental, é um projeto de ferrovia de bitola larga que foi planejada para passar pelo litoral norte do Rio e depois seguir, via Minas e Centro-Oeste, para o Acre. E dali para o Pacífico, no Peru.

Delmo Pinho, subsecretário estadual de Transportes, disse que o governo do Rio fez estudo que estimou em R$ 1,2 bilhão o custo de implantação da ferrovia da região metropolitana do Rio até o Açu. Esse número deve ser revisto por estudo contratado pela FCA. Pinho criticou a concessionária por ter "abandonado" várias linhas no Estado.


Na semana passada, representantes da LLX, FCA e MRS reuniram-se com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para discutir o projeto da linha ferroviária no norte do Rio. Uma nova reunião está prevista para o mês que vem, segundo apurou o Valor. O diretor-geral da ANTT, Bernardo Figueiredo, disse que a curto prazo deve ser assinado protocolo para execução do projeto, o qual vai envolver a iniciativa privada. "Estamos discutindo o projeto do ponto de vista da Valec, que é a concessionária para a linha de bitola larga [no litoral norte do Rio]", disse Figueiredo. O protocolo deve ser assinado pelo Ministério dos Transportes, o Estado do Rio e a Valec.



Figueiredo disse que há um começo de conversa entre a FCA e a Valec pela qual a empresa estatal poderia vir a construir a linha da EF 354 aproveitando a faixa de domínio da concessionária da Vale. O acordo permitiria reduzir os investimentos necessários. Ele reconheceu que, se não houver acordo a Valec, poderia construir a EF 354 em uma faixa diferente da detida pela FCA. Figueiredo disse que não existe uma proposta formal da FCA à ANTT para reformar o trecho da concessionária no litoral norte fluminense.



"O que existe é TAC", afirmou Figueiredo referindo-se ao instrumento Termo de Ajustamento de Conduta. Uma fonte envolvida nas negociações disse que a FCA tem TACs não cumpridos que envolvem investimentos muito altos. E que a discussão passaria pela FCA concentrar os investimentos previstos nos termos de ajustamento na linha do norte fluminense. A FCA disse que existe uma proposta formal feita ao Ministério dos Transportes e à ANTT para a revitalização do trecho do norte fluminense dentro de um projeto que considera "viável". Em referência à concessão da EF 354, a empresa disse desconhecer a proposta.



O diretor de comercialização de logística da Vale, Marcello Spinelli, disse que a FCA contratou estudo de engenharia para detalhar o projeto. Segundo ele, a FCA mantém entendimentos sobre o projeto com a MRS. O presidente da MRS, Eduardo Parente, disse por email que as negociações evoluem bem e que a discussão de um contrato operacional específico com a FCA está em fase avançada.

"Estamos aguardando a definição por parte dos clientes do volume que eles estão dispostos a se comprometer para fechar a divisão da conta", escreveu Parente. Segundo ele, a divisão do investimento ainda não está fechada. Uma possibilidade seria que a FCA respondesse por todo o investimento, o que iria resultar em um direito de passagem (pedágio) mais caro para a MRS na fase de operação.



Permitida a reprodução desde que citada a fonte.
Fonte: Valor Econômico

Parque Ambaí e o PAC 2

Em Agosto foi divulgado na grande imprensa a realização de estudos para construção de uma ferrovia que fará a ligação do Território Nacional com o Oceano Pacífico. Os interesses comerciais de grandes grupos económicos do setor de mineração estão impulsionando as discussões e a formulação de um projeto de grande escala, com inclusão deste na segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2) do Governo Federal.

É muito importante que a comunidade seja chamada a participar do debate sobre o impacto ambiental e social do projeto, com a adoção de políticas compensatórias e melhorias na infra estrutura urbana.

Deste modo, a Diretoria da AMPA se propõe a fazer um acompanhamento sistemático dos eventos que se desdobrarão daqui para frente. E mais: exigiremos que a comunidade seja ouvida em suas reivindicações.

domingo, 29 de agosto de 2010

Ferrovia ligará Baixada ao Peru

Projeto que cortará o País e fará a tão sonhada comunicação com o Oceano Pacífico começará por Nova Iguaçu

POR MICHEL ALECRIM

Rio - Os estudos para a construção de ferrovia que ligará o Rio ao Oceano Pacífico, na costa do Peru, incluíram extensão até Ambaí, em Nova Iguaçu. Nesse ponto da Baixada terminarão os trilhos da chamada Transcontinental, que terá sua ligação com o Atlântico em São João da Barra, no norte do estado. Interligar os dois oceanos e dar melhor vazão à produção de minério e grãos do País é sonho antigo, que começa a ser realizado em 2011.

Desde que os novos eixos de transporte ferroviário do Brasil foram definidos por lei, há dois anos, a Secretaria Estadual de Transportes vem estudando como a Transcontinental pode beneficiar ainda mais a economia fluminense. Com a construção do Porto do Açu, a saída para o mar em São João da Barra passou a ser inevitável. Por outro lado, a retomada do trecho entre Campos e Nova Iguaçu, onde fica a estação de Ambaí, ganhou caráter estratégico. A reativação da ferrovia vai ligar o Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj) ao sistema ferroviário e aos estados de São Paulo e Minas.

PROTOCOLO
Em setembro, o governo do estado assina protocolo de cooperação com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A proposta já tem a simpatia da LLX, do empresário Eike Batista, responsável pelo porto, e da Petrobras, que constrói o Comperj. “Com esse projeto, o Porto do Açu, que será um dos maiores do Brasil, passa a ser porto de carga geral, já que estará ligado pelos trilhos aos principais polos industriais do Brasil”, explica o subsecretário estadual de Transportes, Delmo Pinho.A reativação da ferrovia entre Rio e Campos, com custo de R$ 1,5 bilhão, tem como vantagem a facilidade nos licenciamentos e no assentamento dos trilhos, já que o trecho, quase todo plano, quase dispensa desapropriações e terraplanagem. “O Rio ganhou grandes projetos e precisa reformular sua infraestrutura”, diz o secretário Sebastião Rodrigues.

Projeto já foi incluído nas obras do PAC 2

A Transcontinental foi concedida à estatal Valec, que já licitou a elaboração do traçado no Centro-Oeste. Trecho de mil quilômetros entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO), fazendo a ligação com a Ferrovia Norte-Sul, foi incluído no PAC 2. Mas cresce no governo federal o interesse em iniciar a obra pelo trecho fluminense, por conta da facilidade de execução.
Outro fator que deve acelerar a realização do trecho do Estado do Rio é a possibilidade de participação financeira de empresas. A LLX já planeja construir trecho rodo-ferroviário entre Campos e o Açu, com 45 quilômetros, com dutos de água e gás e cabos de telecomunicações. A Petrobras, que tinha planejado o transporte dos produtos do Comperj por caminhão, deve ser outra parceira, devido às vantagens do transporte por trilhos.

Norte Fluminense ganha mais potencial

Com a construção do Porto do Açu e da Ferrovia Transcontinental, o Município de São João da Barra e toda a Região Norte do estado, antes conhecida pela estagnação, passa a ser um dos maiores polos de desenvolvimento do País. Nos 90 quilômetros quadrados do complexo industrial que ficará contíguo ao porto, deverão ser instaladas duas grandes siderúrgicas: a chinesa Wuhan Iron and Stell (Wisco) e a ítalo-argentina Techint. O grupo Votorantim também já anunciou um plano de construir fábrica na localidade. A retomada da ferrovia cruzando a banda norte do estado também vai integrar a cidade de Macaé, que vem apresentando forte desenvolvimento por conta da indústria do Petróleo e Gás. Diferentemente do traçado original, que cruzava o centro da cidade, o novo terá contorno.




Jornal o Dia